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Duas finais vistas à lupa - Emanuel Lomelino

As duas últimas finais da Copa Libertadores foram em quase tudo semelhantes.

Ao contrário de todas as edições anteriores, ambas foram disputadas num só jogo. A primeira era para ser jogada em Santiago, capital do Chile, mas devido aos graves problemas internos no país andino a final foi transferida para Lima, no Peru. A segunda foi jogada no Rio de Janeiro, com restrição de público por causa da crise pandémica.

Ambas foram vencidas por clubes brasileiros e pela margem mínima. A primeira pelo Flamengo, 2-1 sobre o River Plate. A segunda pelo Palmeiras, 1-0 no Santos.

As duas finais foram disputadas por quatro equipas que já tinham vencido esta prova anteriormente.

Ambos os triunfos apareceram nos acréscimos, quando já todos pensavam no prolongamento, e os momentos decisivos foram antecedidos por detalhes que influenciaram, negativamente, a concentração dos jogadores dos clubes que acabariam por perder. Os do River Plate ficaram afectados pelo golo do empate perto dos noventa minutos. Os do Santos foram prejudicados pela atitude do seu técnico, que criou uma situação pouco inteligente na tentativa de queimar algum tempo. Não teve a conivência do árbitro argentino, acabou expulso e desconcentrou os seus atletas.  

As equipas vencedoras alcançaram a segunda conquista na prova. O Flamengo demorou 38 anos para repetir a façanha de 1981 e o Palmeiras ganhou 21 anos depois de 1999.  

Ambas escalaram um jogador uruguaio: De Arrascaeta (Flamengo), Viña (Palmeiras). Para além dos uruguaios, ambos os clubes utilizaram mais um estrangeiro: o espanhol Pablo Mari (Flamengo) e o paraguaio Gustavo Gomez (Palmeiras).

Nas duas finais, os treinadores com mais experiência na prova, inclusive com vitórias (Gallardo venceu com o River Plate e Cuca tinha ganho com o Atlético Mineiro), foram os derrotados.

Na primeira venceu o técnico mais velho Jorge Jesus (Flamengo), na segunda ganhou o mais novo Abel Ferreira (Palmeiras), ambos portugueses.

Ambas as finais geraram grandes expectativas em relação ao nível de jogo. A primeira correspondeu aos prognósticos. A segunda, não tendo desiludido numa perspectiva táctica, foi um autêntico sonífero, tal a pobreza técnica.

Foram duas finais com mais semelhanças que diferenças, mas para os adeptos do futebol bem jogado a última não deixa muitas saudades.

Que venha a próxima edição para que possamos conferir a existência de pontos comuns com as anteriores.

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