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Desinteresse europeu no futebol Sul-Americano - Emanuel Lomelino

Imagem Pinterest

Um dos benefícios de acompanhar mais de perto o entorno do futebol brasileiro é ter a possibilidade de contactar com formas diferentes de analisar o jogo e o que o rodeia.

Nessa minha busca de conhecimento encontrei o canal de Youtube do jornalista Ubiratan Leal. O conteúdo do canal é interessante e, como acontece com outros canais que tenho acompanhado, este também vai ficar na minha lista de preferências, e servirá, como no caso deste texto, de alavanca para a criação do conteúdo deste blogue.

O vídeo que me leva a escrever estas linhas aborda a falta de interesse da imprensa europeia pelo que acontece no futebol Sul-Americano.

Na minha opinião, a ideia do desinteresse europeu é mais ampla e abrange todos os aspectos inerentes das sociedades modernas, seja área social, política ou económica.

Cingindo-me apenas ao futebol, essa falta de interesse é fruto da aculturação desenvolvida pela própria evolução dos modelos competitivos e consequentes impactos financeiros das competições nos países europeus, e que foram-se enraizando em cada um de nós, adeptos.

O parágrafo anterior parece muito rebuscado, mas a verdade é que, ao longo dos anos, o futebol na Europa cresceu em função de valores muito próprios e, tal como identificado pelo próprio Ubiratan, tudo gira em torno da promoção do futebol como produto de consumo. Como exemplo, veja-se a quantidade de países que adquirem os direitos televisivos da Champions, Premiere League, La Liga, Serie A ou Bundesliga.

O exemplo dado é apenas o culminar de um processo com largos anos, em que, na maioria dos países europeus, o aspecto mercantilista se sobrepôs à essência democrática e universalista do jogo.

Tirando os países com campeonatos mais competitivos, e por isso com maior capacidade de gerar e dividir receitas, o que por si só explica o “olhar para o umbigo”, a venda de direitos televisivos das provas nacionais, associada aos direitos de imagem dos clubes e atletas, teve um impacto negativo em alguns sectores laterais, mas dependentes do futebol, nomeadamente a Imprensa. Em muitos países, um dos quais Portugal, assistiu-se à extinção de revistas de futebol e ao desaparecimento, nas bancas de jornais, de publicações internacionais.

Embora isso não explique tudo, a verdade é que este processo quase monopolista criou as bases para que o interesse dos adeptos se tornasse quase nacionalista, quanto muito continental.

O desinteresse foi alimentado durante décadas e por via da transformação do futebol em produto de consumo surgiu um círculo vicioso. O futebol vende-se, a Imprensa ajuda na venda desse futebol e o adepto consome o futebol vendido. E para que esse círculo não se rompa, todo o outro futebol sumiu da Imprensa, ou aparece em nota de rodapé, o consumidor, já viciado no produto, ignora a existência de outro futebol, e o futebol dos milhões gera ainda mais milhões, crescendo em torno de si mesmo.

Sim, os adeptos europeus foram aculturados no ambiente do futebol europeu. Sim, os europeus foram programados para sentirem o futebol europeu como expoente máximo. Sim, os europeus foram levados ao consumo desse futebol.

No entanto, tal como o resto do mundo, não é qualquer futebol europeu, é o futebol europeu dos milhões. O futebol que gera receita e pouco conteúdo para além do jogo. É o futebol que tenta rentabilizar-se ao máximo dentro do seu casulo. Assim foram formatados os adeptos europeus.

Porque o futebol de hoje é, como tudo na vida, de consumo imediato, na Europa, todos aprendemos a apreciar o hamburger sem questionar sobre a vaca.

Por isso, os europeus sentem indiferença pelos restantes futebóis.

Assistam ao vídeo que originou este texto - Ubiratan Leal

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