Terminaram os jogos das oitavas de final do Euro 2020 e tivemos um pouco de tudo. Bons e maus jogos. Desilusões e confirmações. Até surpresas. E as quartas de final já estão definidas.
No primeiro jogo desta fase, tal como vaticinado nas previsões que fiz, a Dinamarca provou em campo que o trauma do primeiro jogo foi ultrapassado e o adversário era bem acessível. Sem fazer uma partida deslumbrante, ao contrário do que o resultado pode sugerir, o valor técnico individual dos dinamarqueses conseguiu travar as intenções dos galeses que, à parte algumas iniciativas de Bale e os dez minutos iniciais, nunca entraram verdadeiramente no jogo.
Na segunda partida pudemos confirmar que os recordes, por muito que possam dizer de uma equipa, não explicam tudo e podem até ser enganadores. No caso da Itália, o recorde de invencibilidade é importante, mas a pergunta que se impõe é: quais os adversários que a Squadra Azzurra enfrentou nestes 31 jogos? Por outro lado, ao contrário do que fui ouvindo das análises aos jogos dos italianos nesta prova, o futebol apresentado só foi possível pela fragilidade dos adversários e não pela qualidade do jogo italiano. E neste jogo contra a Áustria ficou evidente que, perante uma equipa mais bem estruturada em campo, a selecção italiana sentiu muitas dificuldades e, pasme-se, foi dominada durante grande parte do encontro, valendo a existência do VAR para possibilitar a continuidade em prova. É certo que a equipa austríaca surpreendeu, sobretudo pela segurança defensiva, precisão dos passes e entrega dos seus jogadores. E só perdeu a partida porque a Itália, por mais variações que faça no seu jogo, continua a ser muito eficaz na finalização.
A grande surpresa foi protagonizada pela Chéquia ao eliminar os Países Baixos aproveitando a redução numérica. Este jogo provou que o Euro é uma prova de regularidade e não basta impressionar na fase de grupos. Também é preciso ultrapassar adversários diferentes em circunstâncias distintas.
Um dos jogos que gerava mais expectativas era, sem dúvida, o Bélgica x Portugal. Ambas as equipas entraram com demasiado respeito pela outra e, desde muito cedo, ficou claro que a decisão dessa partida estaria no pormenor. E esse pormenor beneficiou a selecção belga, que soube aproveitar um desleixo defensivo do ala Bernardo Silva, que não recuou para auxiliar o seu corredor, para apurar a equipa belga e mandar os portugueses de regresso a casa.
Não
tendo sido um grande jogo de futebol, o Espanha x Croácia foi uma partida
emocionante, com o desfecho final a ser decidido no prolongamento. Apesar do
número de golos, idêntico ao da última jornada da fase de grupos, a Espanha
ainda não produz de acordo com as expectativas. A Croácia aceitou o seu papel
de outsider e conseguiu a proeza de evitar a eliminação nos noventa minutos com
dois golos nos derradeiros instantes, quando perdia por 3-1. No prolongamento,
só depois dos croatas terem desperdiçado, por duas vezes, a oportunidade de
adiantar-se no marcador, e terem quebrado fisicamente, é que os espanhóis
conseguiram sentenciar a partida e garantir a passagem à próxima fase.
A maior surpresa do Euro foi a eliminação da França. Ao contrário do vaticinado, muito pela forma arrogante como os franceses encararam a partida, principalmente após terem conseguido uma vantagem de dois golos, aquilo que se supunha ser uma formalidade acabou da maneira mais dramática, com o desempate por grandes penalidades. Ao contrário do que aconteceu durante o tempo regulamentar, em que falhou uma penalidade quando vencia por 1-0, a Suíça encarou o desempate com muita frieza enquanto os gauleses estavam, nitidamente, uma pilha de nervos. A ironia maior deste jogo foi a última penalidade francesa. Tenho a certeza absoluta que, em outras ocasiões e em circunstâncias diferentes, aquela bola rematada por Mbappe entraria. A penalidade não foi mal marcada, apenas faltou a necessária dose de confiança, que os franceses confundiram com arrogância.
Outro jogo que gerou muitas expectativas e que ficou aquém do esperado foi aquele que eliminou a Alemanha e apurou a Inglaterra, que ainda não conseguiu demonstrar regularidade exibicional. Se a nível defensivo as coisas até estão a correr de feição, no ataque, mesmo com os dois golos marcados contra os germânicos, ficou claro, de novo, a tremenda dependência em Sterling e as dificuldades de Kane. Os alemães continuam a saga de desaires após a conquista do Mundial 2014 e Joachim Low termina o seu trabalho em baixa.
Na última partida dos oitavos tivemos um morno Suécia x Ucrânia, com duas equipas que precisavam demonstrar em campo mais do que tinham feito na fase de grupos. Num jogo emotivo, mas sem grandes oportunidades, a decisão estava quase a precisar de penalidades quando, num contragolpe veloz, os ucranianos fabricaram a sua passagem aos quartos de final.
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