A derrota do Brasil para a Argentina, para além dos aspectos futebolísticos, trouxe para debate uma questão pertinente. Quais as razões para o desinteresse dos brasileiros pela selecção?
Podem até existir outros factores, como qualidade de jogo, a dependência em Neymar, a falta de mais craques, etc, no entanto, no meu ponto de vista, a razão fundamental para esse afastamento dos torcedores está na calendarização e na forma como a CBF trata o futebol brasileiro.
Sem entrar em considerações sobre a pronta decisão de sediar a Copa América, depois da recusa argentina, parece óbvio que, para o organismo que gere as competições do Brasil, só existe política externa. E tudo o que faz, a forma como actua, as decisões que toma, demonstram que essa tem sido a sua única motivação.
Ao contrário do que acontece na Europa, sempre o ponto de referência nestas comparações, quando a selecção brasileira joga, sejam partidas oficiais ou amistosos, as competições internas não param.
Essa circunstância, por si só, faz com que os adeptos tenham de decidir entre o seu clube e a equipa nacional. Ora, é fácil entender que, ao ver a sua equipa de coração desfalcada pela selecção, mas mesmo assim entrar em campo nas provas internas (Campeonato e Copa), os torcedores ficam incomodados, revoltam-se contra o escrete e demonstram esse repúdio ignorando os seus jogos.
Esta sobreposição de jogos das diferentes competições existe porque a CBF não sabe vender o seu produto interno e só se importa em passar boa imagem do organismo. Quando chegarem à conclusão que é necessária uma reformulação profunda na gestão do futebol brasileiro e actuarem em conformidade, os dirigentes vão descobrir que um futebol melhor organizado rende muito mais, e os torcedores vão agradecer voltando a apoiar o escrete.
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