O futebol brasileiro sempre teve a presença de treinadores estrangeiros. Sendo certo que nem todos obtiveram bons resultados, a verdade é que alguns deixaram marcas importantes e ajudaram no desenvolvimento do futebol canarinho.
No entanto, a partir do fenómeno Jorge Jesus, tem-se assistido a uma correria desenfreada por técnicos “gringos”, que não beneficia, em nada, o desporto-rei brasileiro.
Muitos explicam esta tendência com o descrédito nas capacidades dos treinadores brasileiros.
Honestamente, e analisando à distância de um oceano, acho que existem vários factores que podem explicar esta falta de confiança nos técnicos de Vera Cruz, mas há dois que se destacam por terem uma importância fundamental para que seja dada preferência a estrangeiros, na hora de decidir quem comanda as equipas.
Em primeiro lugar, é por demais evidente que a maioria dos dirigentes não entende nada de futebol. Não existem projectos, nem ideias claras sobre os rumos que se querem para os respectivos clubes. Simplesmente vai-se na onda da hora e segue-se, apenas porque sim, as tendências do momento.
O outro factor importante, para explicar as razões para mais de um terço dos clubes, do brasileirão, serem treinados por estrangeiros, decorre da dança das cadeiras que os técnicos brasileiros nunca combateram e sempre foram coniventes. Todos eles trabalharam na certeza de que, caso as coisas corressem mal, facilmente arranjariam outro lugar, noutro clube, mesmo que isso representasse regressar a uma equipa treinada anteriormente.
A esse círculo vicioso junta-se a retórica, suportada pelos próprios técnicos brasileiros, que alimentou o futebol do país anos a fio, que as características das competições, a dimensão do país e as especificidades do continente impediam que o futebol fosse gerido de modo diferente e que determinadas formas de jogar eram impraticáveis. Tudo caiu por terra com o trabalho realizado por Jorge Jesus.
Para agravar mais a situação, seguiu-se o sucesso de Abel Ferreira e, talvez por isso, a tendência actual ganhou outra dimensão. E agora, com o trabalho de Juan Pablo Vojvoda, no Fortaleza, o bom trajecto do Athletico Paranaense de António Oliveira e as boas perspectivas do São Paulo de Hernán Crespo, parece que a tendência virou moda e, a cada mudança técnica, a probabilidade de o novo treinador ser estrangeiro aumenta.
Cabe aos técnicos brasileiros começarem a trabalhar de forma a alterar as coisas porque o futebol no Brasil só pode crescer havendo equilíbrio em todos os aspectos, inclusive técnico e de liderança.
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