Todos os adeptos sportinguistas ficaram orgulhosos daquilo que a equipa de futebol protagonizou na época passada, com um plantel recheado de jovens promissores, conquistando alguns troféus, inclusive o campeonato nacional, depois de novo jejum prolongado.
Esse orgulho foi mais que justificado tendo em conta que, segundo os analistas, e até os mais optimistas, não se considerava possível tamanha façanha, pela inexperiência dos jogadores.
Este ano, com alterações pontuais, que sempre acontecem e até são necessárias, tanto a nível desportivo como económico e financeiro, as expectativas elevaram-se um pouco, no entanto, talvez em demasia.
Uma coisa é o consumo interno, em que muitas vezes, para ganhar, basta ter vontade de vencer, outra bem distinta é a competição internacional, onde a inexperiência paga-se caro e é exigida total atenção aos detalhes.
Sem entrar em grandes considerações técnico-táticas, é muito fácil descortinar as debilidades da equipa leonina se atentarmos áquilo que é produzido pelos jogadores do FC Porto, que competem nas mesmas provas.
Todos vemos, ano após ano, independentemente do momento de forma, ou até da qualidade global do plantel, a forma como os portistas encaram as competições internacionais. É evidente que a presença constante nessas provas dá um traquejo que a equipa leonina ainda não tem, mas não deixa de ser óbvio que a maior diferença está na forma como ambas as equipas entram nesses jogos internacionais.
Os portistas sabem que são competições diferentes e alteram a postura em campo. Usam a vontade de vencer, habitual nas provas internas, e adoptam uma postura mais compenetrada e realista, que não conservadora, de modo que os adversários, quase todos com orçamentos maiores e jogadores mais mediáticos, sintam que estão a defrontar um rival que merece todo o respeito e atenção. Defendem quando isso é necessário. Entregam a posse de bola e controlam os espaços. E, mais importante, nunca se deixam desequilibrar emocionalmente, mesmo quando são “garfados”, como aconteceu na segunda parte do último jogo da Champions, contra o Atlético Madrid.
É essa postura imperturbável, quase blindada, que a equipa do Sporting ainda não possui, como ficou provado nos dois últimos confrontos europeus, disputados em casa, que terminaram em goleadas: a eliminação da época passada na Europa League, contra o LASK (1x4), e no mais recente confronto da Champions, contra o Ajax (1x5).
É consensual que, para chegar ao nível competitivo que o Porto demonstra nas provas internacionais, esta equipa leonina ainda tem muito que crescer. Esse crescimento pode ser facilitado precisamente pelo facto da maioria dos jogadores serem muito jovens, e desde que exista, por parte de todo o entorno da equipa, a paciência e, acima de tudo, o discernimento para se entender que essa bagagem de experiência não se adquire de um momento para o outro e o processo evolutivo deste plantel não pode ser alterado nem apressado, sob pena de voltar-se a perder a oportunidade de colocar o clube, de forma mais incisiva, no lugar que merece e que a sua própria história exige.
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