Todos nos lembramos que a chegada de Jorge Jesus ao Brasil abriu diversas frentes de discussão, tanto de jornalistas como de treinadores brasileiros. Um dos assuntos exaustivamente debatido derivou das queixas dos técnicos canarinhos relacionadas com a dificuldade em treinar equipas na Europa, alicerçada na exigência de curso FIFA e falta de equivalência com os cursos CBF.
Sempre considerei que esse argumento peca por fraco, uma vez que existe mercado para os técnicos brasileiros na Europa. A questão tem-se prendido apenas pelo facto de a maioria dos treinadores, por culpa de algum endeusamento outorgado por larga franja jornalística, negar-se a chefiar equipas menores do futebol europeu.
Neste sentido, e entrando no alvo principal deste texto, é com agrado que vemos Argel Fuchs, ter optado por aceitar ser técnico do FC Alverca, do terceiro escalão do futebol português, e revelar com humildade que pretende dar continuidade à sua carreira em Portugal e evoluir nas competições nacionais para tentar chegar a mais altos patamares competitivos, na Europa.
Ninguém pode prever se os seus intuitos serão alcançados, menos ainda se atentarmos que, mesmo sendo jovem, desde 2008, já mudou de clube em 28 ocasiões, sem qualquer registo positivo. No entanto, não deixa de ser relevante a opção de recuar um pouco e procurar refazer a carreira num nível mais baixo, sem garantias de sucesso a curto prazo.
Aplaudo a decisão ambiciosa de Argel Fuchs, todavia não posso esquecer a ironia desta opção, tendo em conta o quão contraditória é perante o seu posicionamento e, acima de tudo, o comportamento que teve em relação à chegada de Jorge Jesus e a toda a discussão que existiu em redor do treinador português.
Em Portugal, Argel foi recebido de braços abertos, nos dois clubes que representou, enquanto jogador. Desta vez está a ser carinhosamente abraçado pelas gentes do modesto FC Alverca. E ninguém quer saber se o seu percurso até aqui foi negativo, nem desvaloriza os clubes por onde passou, ou coloca em causa o seu valor e aquilo que pode ou não acrescentar ao futebol português.
Deseja-se toda a sorte a Argel Fuchs porque todos são bem-vindos ao futebol português, mesmo nos escalões inferiores e independentemente do currículo.
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