Na ressaca de mais uma final da Copa Libertadores, dediquei algum do meu tempo para escutar a repercussão do resultado junto da imprensa brasileira, em grande medida pela curiosidade de saber como Abel Ferreira, e o seu trabalho, seriam avaliados.
Desde a sua chegada ao Palmeiras, o técnico português gerou duas formas de reacções: uma alicerçada na qualidade futebolística apresentada pela equipa, a outra baseada na sua capacidade de trabalho e entendimento minucioso sobre futebol.
Em quase todos os debates, pós-final, a generalidade dos comentadores caiu na unanimidade de considerar Abel Ferreira como o máximo responsável pela segunda conquista consecutiva da maior competição sul-americana de clubes.
O mais curioso foi assistir alguns desses especialistas de análise só agora terem chegado à conclusão de que a qualidade futebolística da equipa, sob o seu comando, é uma forma tão válida como qualquer outra e que para a história vai ficar a conquista e não a estética do jogo.
Ao
longo dos anos sempre entendi que a maior diferença de entendimento sobre
futebol, entre sul-americanos e europeus, reside no rácio paixão/razão. Não
sei, nem procuro descobrir, qual a forma mais certa. Aquilo que sei é que o
jeito brasileiro de analisar futebol chega a extremos e resulta mais do momento
do que pelo percurso.
É evidente que todos gostamos de ver futebol bonito, mas não é menos verdadeiro que nem só jogar bonito é jogar bem. O futebol deve ser entendido como o somatório de erros e acertos e a função de um bom treinador é descobrir as fórmulas certas para minimizar as fraquezas da sua equipa e provocar erros do adversário. Nesses parâmetros Abel Ferreira é brilhante, mas foi preciso vencer a Libertadores, pela segunda vez consecutiva, para que a maioria dos comentadores brasileiros conseguissem entender o óbvio: existem várias formas legítimas para se vencer no futebol e vence quem se prepara melhor.
Abel Ferreira está longe de ser um treinador de top, no entanto, tem mostrado a competência suficiente para ficar na história, não só do Palmeiras, mas também do futebol brasileiro e sul-americano.
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