Se fizermos uma análise básica ao historial dos clubes portugueses nas competições europeias – sem atentarmos às mudanças técnico-táticas e evoluções naturais que este desporto sofreu ao longo dos anos - verificamos que, apesar de mais bem estruturados, o desnível competitivo aumentou em relação aos “grandes da Europa”.
Para esta diferença muito tem contribuído o aspecto financeiro e a forma como as competições são organizadas.
Nos primórdios da Taça dos Campeões, a disputa do troféu era feita apenas com os vencedores das provas nacionais e essa fórmula permitia que a aleatoriedade própria do futebol resultasse, algumas vezes, em campeões inesperados, como um Benfica, um Celtic, um Steaua, um Estrela Vermelha, um PSV, um Porto, ou um Aston Villa ou um Nottingham Forest do momento. Para não falar de finalistas como Stade Reims, Eintracht Frankfurt, Malmoe, Panathinaikos, Saint-Etienne, Monaco, etc.
Sendo certo que os históricos como Real Madrid, Bayern e Liverpool, ou Barcelona, Manchester United e AC Milan (ultrapassadas as crises), estarão sempre na linha da frente para conquistar estas provas, hoje é quase uma miragem que clubes de menor estatuto consigam ser protagonistas porque o poderio monetário leva vantagem e, logicamente, clubes como Chelsea, Manchester City, PSG, e outros semelhantes, estão mais perto de ganhar a prova.
Perante este cenário, mesmo sabendo que o aporte financeiro, de jogar a fase de grupos da Champions, pode ser gigantesco para os clubes nacionais, a realidade permite concluir que no campo desportivo existe uma maior possibilidade de êxito na segunda competição – Liga Europa.
O maior exemplo, que me leva a fazer esta reflexão, está no caso do Sevilla, clube que, com o devido respeito, apesar de competir numa das ligas mais importantes e ricas, e ter orçamentos mais altos que os clubes portugueses, não consegue ser um “papão Champions”, e tem direcionado as suas forças, precisamente, para a Europa League.
Creio que, principalmente, FC Porto, SL Benfica, Sporting CP, com a grandeza que têm e estando estruturalmente saudáveis podem fazer frente a clubes como o Sevilla e entrar sistematicamente na disputa dessa competição.
A realidade é clara como água. A possibilidade de vencer a maior prova de clubes da UEFA é reduzida, quase nula. No entanto, não deixaria de ser interessante, e desportivamente benéfico, que mesmo relegados para a Europa League, o espírito competitivo dos clubes portugueses se mantivesse aguçado.
Tal como referido anteriormente, sendo certo que o encaixe financeiro de prosseguir na Champions, pós fase de grupos, é bem relevante, nenhum clube português, em caso de ser relegado para a Europa League, deve desdenhar essa prova uma vez que, para além de ser mais uma via de acesso à Champions seguinte, oferece mais possibilidades de conquista e, por conseguinte, um reforço de palmarés e prestigio internacional, que sempre se reflete noutras circunstâncias, nomeadamente na hora de negociar jogadores, tanto nas vendas como nas compras.
E, convenhamos, por mais difíceis que sejam, não é de todo impossível, para os maiores clubes portugueses, competir, olhos nos olhos, com Arsenal, Tottenham, West Ham, Lazio, Napoles, Atalanta, Dortmund, Leipzig, Leverkusen, Lyon, Marseille, Lille, Valencia, Villarreal ou Sevilla.
É evidente que todos desejamos que, a cada ano, haja clubes portugueses nas fases mais adiantadas da Champions. Isso significaria muito para o futebol nacional, para os adeptos, mas principalmente para a saúde financeira imediata dos próprios clubes. No entanto, esse espírito de conquista económica pode, e deve-se, transformar em vontade de vencer quando relegados para outra competição.
É tudo uma questão de manter mentalidade vencedora e encarar a Europa League como uma Champions mais acessível.
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