Não era preciso ser um génio, nem fazer um exercício de adivinhação, para prever todos os resultados possíveis deste folhetim em redor de Jorge Jesus alimentado pelo interesse flamenguista.
Ao contrário da ideia transmitida pela grande maioria da imprensa, tanto lusa como canarinha, a continuidade do treinador, na equipa encarnada, não foi abalada pelo desejo brasileiro de voltar a contar com os seus serviços.
A verdade é mais simples: o ambiente interno, que já continha demasiados anticorpos, deteriorou-se com a mudança de presidente do clube português. Rui Costa, pelo seu brilhante passado como jogador, mais que ninguém, conseguiu detetar as fricções no balneário e os conflitos crescentes entre equipa técnica e atletas.
A presença, em Portugal, de responsáveis do clube carioca tomou conta das manchetes deixando pouco espaço para discussão sobre as evidências desse mal-estar.
Quase ninguém deu relevo, ou pelo menos a devida importância, às declarações de Pedrinho e, posteriormente, de Everton, que detonaram Jorge Jesus.
Sendo evidente que ambos os jogadores, por não terem atingido performances de excelência, ficando muito aquém do esperado e perdendo espaço na disputa da titularidade, só poderiam demonstrar desagrado, não é menos verdadeiro que outros houve, treinados por Jorge Jesus, a descrever o técnico de forma favorável. Mesmo sabendo da exigência que impõe nos clubes que tem representou, não são poucos os jogadores que têm tecido apreciações elogiosas ao trabalho do técnico.
Municiados pelo histórico atrás referido, todos os analistas desvalorizaram as queixas desses jogadores e não deram conta da realidade dos factos.
Como disse, a investida dos dirigentes flamenguistas não foi a razão principal para o “incêndio” benfiquista, no entanto, teve o condão de dar-lhe outra dimensão.
O problema é que, com avanços e recuos, de todas as partes, e a pressão exercida sobre os dirigentes brasileiros, tanto pela imprensa canarinha, mas principalmente pela nação rubro-negra, as agulhas foram apontadas para outro técnico e, tal como uma verdadeira novela, agora que tudo parecia estar encaminhado para a contratação de Paulo Sousa, eis que o destino de Jorge Jesus alterou-se e tudo pode voltar ao início.
Os próximos episódios prometem fazer correr muita tinta e vão gerar muitos debates. Todos vão querer saber se os dirigentes brasileiros vão confirmar a aposta no ex-técnico da Polónia ou, em contrapartida e redirecionando o foco, voltam as atenções para o alvo prioritário, que parece estar em vias de ficar mais disponível que nunca.
Toda a imprensa esfrega as mãos de contentamento pelo prolongar desta história interminável, mas tudo isto era previsível. Bastava ler os sinais.
E se o guião for seguido, todos sairão prejudicados: Os clubes, Jorge Jesus e, principalmente, Paulo Sousa, que apostou todas as fichas na sua desvinculação e corre o risco de ver abortada a sua ida para o Rio de Janeiro.
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