O futebol é um desporto gerador de emoções. Muitas exacerbadas e sem sentido. Outras mais pacificas e agregadoras.
O futebol é a modalidade que gera mais discussão e divide opiniões. Seja pelas decisões dos técnicos, pelos falhanços dos jogadores, pela complacência ou extremo rigor arbitral, pela retórica dirigente, pela agressividade dos cânticos nas bancadas, pelas punições controversas, pelas análises descabidas dos jornalistas, pelas reacções despropositadas dos comentadores.
Em quase todos os aspectos, o futebol não foi, não é e nunca será fonte de unanimidade.
No entanto, existem momentos em que a discórdia é colocada de lado e todos, sem excepção, se posicionam com o mesmo propósito. Temos exemplos disso na luta contra a homofobia e racismo, com os diferentes agentes a manifestarem posições comuns e/ou a juntarem-se a movimentos colectivos actuantes.
Neste contexto, e devido ao conflito bélico estupidamente iniciado esta semana, é totalmente natural, lógico e legítimo, que muitos jogadores ucranianos tenham-se manifestado, de forma clara e incisiva, com acções dentro de campo capturadas pela câmaras de televisão e vistas por milhões de pessoas em todo o mundo.
Por norma, este género de acções, com cunho político, são sancionadas pelos organismos máximos do futebol. Contudo, nos diversos casos que aconteceram durante alguns jogos recentes das competições europeias, surgiu um fenómeno de solidariedade espontâneo por parte de elementos ligados ao jogo, cujos relatórios costumam ser decisivos na hora de aplicar punições. Falo das equipas de arbitragem que tiveram o bom senso de omitir, nas súmulas, os gestos e manifestações dos atletas ucranianos.
Parabenizo todas as equipas de arbitragem que, com estas omissões, demonstraram que, no jogo da vida, não há lugar nem espaço para ficar-se em cima do muro. Com esta atitude, também eles – os árbitros – revelaram ao mundo o seu posicionamento em relação ao estúpido e ignóbil conflito.
Sim, o futebol é um jogo de emoções e origina discórdias. Mas, por vezes, todas as regras são deixadas de lado e, este desporto que tanto amamos, regressa às suas origens e transforma-se num jogo de cavalheiros.
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