Terminou mais um Mundial de Clubes e o resultado foi o mais natural: venceu o favorito. No entanto, não foram favas contadas, como muitos vaticinavam. Ao contrário das previsões dos entendidos, o clube inglês não “passou o carro” no representante sul-americano.
Sendo certo que a postura do Palmeiras não surpreendeu; todos esperávamos a abordagem defensiva e a busca de uma bola, foi confrangedor assistir à incapacidade do Chelsea em colocar em campo todos os seus atributos, que não são poucos.
Mas vamos por partes.
O início do jogo revelou as intenções de cada equipa, que já eram previamente conhecidas por quem acompanha com regularidade as performances dos clubes em compita.
Uns tentaram defender a todo o custo, procurando aproveitar uma possibilidade no contragolpe, enquanto os outros usaram um esquema assente na pressão alta (muito bem executada) com o propósito de provocar o erro contrário.
Na verdade, estas duas posturas téticas, que encaixaram perfeitamente, tornaram o jogo aborrecido. O Palmeiras quase não teve oportunidades para explorar a velocidade dos seus atacantes, e as poucas que apareceram foram mal aproveitadas. Umas por displicência, outras por individualismo excessivo. O Chelsea jogou sem a acutilância necessária, como quem sabe que a pressão, por si só, mais cedo ou mais tarde acabaria por provocar o erro defensivo que definiria a partida.
Dentro das propostas apresentadas pelos respectivos treinadores, e com o decorrer do jogo, ficou cada vez mais claro que tudo seria decidido nos detalhes, como ficou provado na jogada do primeiro golo, com a deficiente recuperação de Rony, na tentativa de fechar o seu corredor. Os outros dois golos, ambos na transformação de grandes penalidades, foram idênticos nos detalhes que lhes deram origem: disputa de bola, em terreno reduzido, proporcionada por pressão.
Neste contexto, e como mera curiosidade, quero assinalar uma semelhança entre o golo de Lukaku e a penalidade cometida por Tiago Silva: em ambas as jogadas o poder de elevação dos jogadores do Chelsea foi superior ao dos palmeirenses.
Não é minha intenção avaliar a justeza do resultado final, menos ainda quando, neste género de partidas, todos os números apontam num sentido. Contudo, não posso deixar de referir que, pela tremenda entrega e espírito de sacrifício, talvez não fosse descabido que o Palmeiras tivesse conseguido levar a decisão para as grandes penalidades.
Seja como for, independentemente de tudo o que pudemos observar nesta partida, há outros dois detalhes que merecem referência especial, estando ambas associadas a decisões dos treinadores.
Thomas Tuchel diminuiu o poder ofensivo do Chelsea ao tirar Lukaku de campo.
Abel Ferreira exigiu demasiado esforço defensivo aos seus atacantes retirando-lhes força necessária para serem mais acutilantes na hora de atacar a defesa lenta dos ingleses.
Para terminar, e porque existem fortes indícios sobre a reformulação da prova, creio que esta pode mesmo ter sido a última grande oportunidade de um clube sul-americano subtrair, este troféu, a um clube europeu. Se ganhar ao vencedor da Champions já é complicado, e avançando a ideia de incluir mais clubes europeus na disputa, fica praticamente impossível vislumbrarmos a possibilidade de ver clubes argentinos ou brasileiros levantarem o caneco. Infelizmente.
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