Por norma, os adeptos portugueses, principalmente da selecção, são acometidos de um fenómeno neurológico chamado síndrome da montanha-russa. No início dos jogos estão optimistas. Se não acontece um golo aos quinze minutos ficam apáticos. Quando surge o primeiro remate certeiro são acometidos de extrema euforia. Se o jogo arrefece um pouco ficam letárgicos. Ao intervalo impera a moderação. No recomeço do jogo há uma alegria contida. Os minutos passam e aparece o nervosismo. Havendo um ou dois ataques adversários, em pouco tempo, apodera-se o medo. Após um ou dois erros defensivos ficam desesperados. Um lance bem gizado confere confiança. Muitos lances desperdiçados criam depressão. O segundo golo origina alívio. O jogo decorre pachorrento dando origem ao descontentamento. O apito final é celebrado com toda a plateia a acreditar que a nossa selecção é a melhor do mundo e principal candidata ao título na próxima fase final.
E tudo isto acontece porque a selecção joga de forma a proporcionar oscilação de sentimentos.
Com a qualificação garantida, os adeptos, que reagiram da mesma forma, com os mesmos altos e baixos, durante todo o jogo, e já sem vestígios de ansiedade, dividem-se em dois géneros. Os que exultam a vitória como sendo o desfecho mais lógico e natural, e os que outorgam à sorte, e conjunturas astrais, o resultado conseguido.
Independentemente da montanha-russa percorrida nos noventa minutos (mais compensações) e das avaliações analíticas dos adeptos, o facto mais relevante do último jogo da selecção foi ter sido alcançado o apuramento para o sexto mundial consecutivo; décima segunda competição seguida, se juntarmos os Europeus. O mesmo é dizer, neste milénio estivemos presentes em todos os certames futebolísticos. Nada mal para um país com pouco mais de dez milhões de habitantes, apreciadores de montanha-russa.
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