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Hábitos surpreendentes, mas conjecturais - Emanuel Lomelino

No início de cada campeonato, seja em que país for, existem sempre favoritos à conquista do troféu, candidatos à descida de divisão e uma maioria de clubes sobre os quais não existem grandes expectativas, positivas ou negativas.

Com o decorrer das competições fazem-se observações mais detalhadas sobre o que cada equipa apresenta em campo e reavaliam-se os prognósticos.

Por norma, é a partir da quinta/sexta jornada que as luzes de alarme costumam soar nos clubes com fracas performances. Digo por norma porque o caso do futebol brasileiro é, todos os anos, excepção neste quesito.

Tal como em anos anteriores, e apesar das novas regras sobre o número de técnicos que cada clube pode ter durante um campeonato, assistimos, logo na jornada inaugural, aos dois primeiros despedimentos.

Quem não acompanha o futebol brasileiro com regularidade pode ficar com a ideia que não existe muita paciência com os trabalhos dos técnicos. Isso até é verdadeiro, no entanto, a primeira jornada do campeonato representa, para muitos clubes, o jogo vinte e tal da temporada.

Deste modo, mesmo não advogando a justeza dos despedimentos nem a impaciência dos dirigentes para com os treinadores, fica mais facilmente entendível que um mau resultado, na primeira jornada do Brasileirão, seja motivo para alteração técnica, não pelo resultado em si, mas porque há uma avaliação negativa baseada num longo percurso anterior.

Seja como for, estes dois casos acabam por surpreender e suscitam-me uma questão: ter vencido na jornada inaugural só adiou outros despedimentos? Será que na segunda jornada vai cair mais algum técnico? Estando a falar do futebol brasileiro, não me admira que a resposta a ambas as questões seja sim! Porque tudo no futebol canarinho é conjectural.

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