Em 26 de Agosto escrevi sobre a Conference League que, apesar de ser, a nível de relevância, a terceira prova da UEFA, atrás da Champions e da Europa League, podia ter alguns factores de interesse e que os grandes favoritos seriam Roma, Tottenham, Feyenoord e Anderlecht, por esta ordem. Os belgas não chegaram perto das decisões, os ingleses priorizaram outras competições, neerlandeses e italianos, com alguns altos e baixos e sustos, fizeram o que lhes competia. Na final, os romanos levaram a melhor.
E o pragmatismo italiano imperou porque, quer se queira quer não e contra muitas vozes de “entendidos”, as finais são para se ganhar e não há, neste momento, melhor seguidor dessa linha de raciocínio que José Mourinho.
Há muito que oiço falar na decadência do treinador português, no seu jogo reactivo, no esbater da estrela que o acompanhou durante grande parte da sua carreira. Balelas!
José Mourinho, técnico idolatrado por uns e odiado por muitos mais, não se apagou como uma vela ao vento, simplesmente não tem tido ao seu serviço naipes de jogadores como aqueles que treinou nas equipas que lhe deram troféus. E não falo de qualidade, mas sim de personalidade compatível.
Ao longo da sua carreira e em todos os clubes por onde passou, José Mourinho sempre foi o ego maior; o centro das atenções; e jogadores como Ricardo Carvalho, Ibrahimovic ou Balotelli, sentiram isso bem de perto, compreenderam, aceitaram e tudo correu sobre rodas. O mesmo não se poderá dizer de Hazard, no Chelsea ou de Pogba no United.
Agora na Roma, o técnico luso reencontrou um grupo de trabalho que não colocou entrave algum ao facto da grande vedeta da equipa ser o treinador. A prova dessa aceitação está na forma como todos os jogadores, sem excepção, o saudaram após a vigésima sexta conquista (quinta internacional).
Todos sabemos que o clube italiano está longe de ter as condições financeiras para melhorar o plantel e lutar por coisas maiores, no entanto, parece-me que, com um ou outro ajuste e a estrela continuando a brilhar, José Mourinho pode surpreender mais um pouco e fazer mais um ou dois brilharetes na próxima temporada.
A vitória de ontem fez-me lembrar as conquistas de Mourinho com o Porto, em dois anos seguidos. Acho que há fortes probabilidades de acontecer o mesmo na Roma.
Podemos não gostar do seu modelo de futebol. Podemos criticar o pragmatismo excessivo das suas equipas. Podemos até contestar a sua forma de agir e falar. Podemos fazer tudo isso e mais algumas coisas, só não podemos desvalorizar nem subestimar as capacidades e ambições de José Mourinho.
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