A última final de Europa League pode ser analisada de duas formas, que se complementam e proporcionam os argumentos necessários para quem é a favor e, paradoxalmente, também para quem é contra a criação da Superliga europeia.
Mesmo para aqueles que raramente acompanham o futebol, ficou nítido que estavam em campo equipas de segunda, talvez até, terceira linha do futebol europeu, facto perfeitamente normal por se tratar da segunda prova de clubes do continente. Aliás, em teoria, os finalistas da recém-criada Conference League, Roma e Feyenoord, estão num nível superior.
Por um lado, este confronto sem titãs, que os havia em fases anteriores, foi uma das raras ocasiões em que a democratização, que justificou a criação da prova, aconteceu. Por outro lado, a pobreza futebolística foi tanta que ficou provada mais uma vez a enorme diferença que existe entre os gigantes europeus e os restantes.
Ora, é precisamente este desnível que leva os grandes clubes europeus a pretender criar a Superliga, com o intuito de proporcionar mais possibilidades de grandes jogos, entre grandes clubes, com grandes equipas, isto é, com os melhores jogadores. No entanto, é também por esta razão que a maioria está contra a criação dessa competição elitista, uma vez que, caso esse projecto ganhasse corpo de realidade, e os participantes, escolhidos a dedo, deixassem de competir nos respectivos campeonatos nacionais, seriam jogos como este Rangers x Frankfurt, ou um Lyon x West Ham, ou um Betis x Atalanta, que teríamos nas finais da Champions.
Sendo certo que o futebol vive sob égide de novos paradigmas, uma coisa é, esporadicamente, termos um Porto x Monaco ou um Marseille x Estrela Vermelha, e, de vez em quando, um Bayern x Valencia ou um Leverkusen x Real Madrid, outra bem distinta seria termos apenas finais entre os mais poderosos, sem possibilidade de uma ou outra surpresa, e as finais da Champions serem disputadas sem os melhores jogadores e clubes do mundo, todos os anos.
Sim, há grandes diferenças, que tendem a aumentar, entre os clubes de topo e os restantes, no entanto, mesmo correndo o risco de assistir a jogos medíocres, prefiro que, volta e meia aconteçam finais como a última Europa League porque isso significa que, de vez em quando, um ou outro David, senão dois, derrubam os Golias desta vida e isso, sim, é sinal de democratização.
O futebol é magia, estética, tática, técnica, mas também tem muito de incerteza, imponderável e inesperado. E é a mescla de todos estes factores que fez deste desporto o mais seguido, e praticado, em todo o mundo.
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