Por norma vemos muitos jogadores, em fase final de carreira, regressarem aos países de origem, para que a transição para a “reforma” seja mais fácil e tranquila.
Nestes últimos anos temos verificado um fluxo inabitual desses retornos no Brasil, com os principais clubes a aproveitarem os derradeiros fôlegos, de grandes jogadores, alguns até meio desconhecidos da maioria dos adeptos locais, que demonstram ter ainda alguma lenha para queimar.
No entanto, também temos visto que o campeonato brasileiro começa a ser uma boa opção para jogadores que não conseguem triunfar na Europa.
O Flamengo tem sido o clube que mais se tem alimentado destas circunstâncias. Primeiro com Gabriel Barbosa, depois com Andreas Pereira, e agora com Everton Cebolinha.
E o denominador comum entre estes jogadores está no facto de nenhum deles, apesar da idade, reunir as condições para conseguir voltar à Europa com o mesmo estatuto que tem no Brasil.
Mas analisemos estes três jogadores, individualmente.
Dos três, Andreas Pereira é o menos virtuoso e a reformulação que está a ser feita no Manchester United, pode facilitar a pretensão do clube carioca em adquirir o seu passe internacional. Por contraditório que pareça, as suas possibilidades de retorno à Europa parecem ser muito mais admissíveis. O facto de ter nascido na Bélgica e não dar ares de vedeta jogam a seu favor.
De Gabriel Barbosa já escrevi algumas vezes e continuo a afirmar que jamais voltará a jogar por um clube europeu se mantiver a pretensão de actuar apenas em grandes clubes. Por muito bom que seja o seu futebol, isso por si só é insuficiente, e os seus desvios comportamentais são incompatíveis com as normas usadas pelos principais emblemas europeus, e grande parte dos clubes pequenos/médios.
Já Everton Cebolinha, mais um excelente produto da inesgotável fonte de talentos brasileira, foi vítima da impaciência, tanto de quem lhe exigiu mais do que entregou, como dele próprio por ter reclamado mais utilização sem ter entregado o suficiente para merecer mais oportunidades.
Em abono da verdade, Everton não fracassou nesta sua passagem pelo Benfica, apenas teve o azar de ter sido incluído num projecto desequilibrado, que não beneficiava as suas características e exigia, de si, outros atributos que o seu futebol não permite.
Para além disso, na sua segunda temporada, viu-se comparado com aquele que foi o seu sucessor no Grémio e que, chegando ao Porto, demonstrou uma maior capacidade de adaptação à reduzida utilização inicial, teve paciência e soube mostrar a evolução necessária para se tornar um elemento importante no seu clube, algo que Everton nunca conseguiu.
Acredito que Everton Cebolinha pode voltar à ribalta, e ao seu melhor futebol, ao serviço do Flamengo. Já o seu retorno à Europa, alicerçado no valor que o clube carioca vai pagar por ele, parece muito difícil.
Tendo em conta os pontos de contacto entre estes três casos, deixo no ar estas perguntas: As contratações do Flamengo são casuais ou pensadas? Estas, em concreto, foram meras coincidências, ou as semelhanças de insucesso destes três jogadores induziram os dirigentes a formularem um plano para terem excelentes jogadores, na certeza de que dificilmente deixarão o clube?
Dizem que as coincidências não existem, mas também fica difícil acreditar que os actuais dirigentes do clube brasileiro tenham a inteligência suficiente para elaborarem um plano estratégico tão genial.
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