Tenho escrito alguns textos sobre a necessidade de serem implementada medidas para que os clubes portugueses consigam ser mais competitivos a nível internacional.
A terceira parte dessa reflexão estava reservada para a atenção que os responsáveis deveriam ter com o público.
Baixar os preços dos ingressos, passar pelo combate ao antijogo e à punição de actos de indisciplina, violência, discriminação e racismo, são medidas que, mesmo não tendo impacto directo na questão central da competitividade, podem criar um paradigma ambiental diferente no futebol português que facilitará atingir-se o objectivo maior.
No entanto, enquanto preparava a minha argumentação, eis que surgiu uma situação que mais não é que outro sinal de alerta para a urgência de medidas punitivas e respectiva aplicação.
O ocorrido neste final de semana é a replicação daquilo que tem acontecido em outras latitudes, onde grupos de adeptos, quais vigilantes, passam as bancadas a pente fino para encontrarem “infiltrados”.
A história do garoto obrigado a despir a camisa do seu clube, por estar num sector com adeptos de outra equipa, e sequente festival de sentenças condenatórias inócuas, vem demonstrar a urgência e necessidade de implementação de medidas concretas para impedir que aconteçam situações similares, mas não esquecendo da obrigatoriedade de aplicação real das punições adequadas, sem atenuantes e doa a quem doer.
Se queremos um futebol mais chamativo, mais abrangente, mais universal, temos de eliminar todos os aspectos que funcionam contramaré. Principalmente todas as formas de censura.
A mim pouco importa se o acto foi praticado por autorrecriação de um funcionário com excesso de zelo, se foi apenas cumprimento de ordens/indicações superiores, ou acto isolado praticado por um imbecil. Puna-se o prevaricador, a empresa e o clube, e severamente.
Sei que há muita gente que condena a aplicação de penas/multas aos clubes por acções de terceiros, no entanto, enquanto ficarmos na aplicação de impunidade geral nada mudará. Acredito que fazendo uma aplicação severa aos clubes, estes rapidamente encontrariam formas de “controlar” tudo o que acontece no interior dos recintos desportivos, e nas suas imediações.
Vejam como funcionaram as punições da UEFA aos clubes ingleses e como essa actuação obrigou a tomadas de posição firmes que resultaram na completa transformação do futebol Inglês.
Chega de passar a mão nos ombros e sacudir a poeira. Chega de gritaria sem consequências. Chega de culpar o morto. Chega de culpabilizar as forças policiais. Chega de condenar os actos. Passemos à punição efectiva e, de preferência, bem pesada.
Para mim seria fácil desvalorizar o “incidente” por ter acontecido a um benfiquista, mas esta situação ultrapassa em muito a questão clubista. Hoje foi com um adepto encarnado, amanhã pode acontecer com um verde-branco, daqui a uma semana com um azul-branco. Pode, mas não deve acontecer.
O nosso futebol, pelo menos estruturalmente, só melhorará quando decidirmos inovar ou copiar o que melhor se faz nas melhores ligas. Jamais conseguiremos subir de patamar se importarmos o que de mau se faz lá fora e continuarmos a celebrar a impunidade.
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