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Não há imprescindíveis - Emanuel Lomelino

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Em todas as janelas de mercado, invariavelmente, abrem-se discussões sobre o quanto a venda de um jogador pode influenciar a performance da equipa sem a sua contribuição.

Em todas as janelas de mercado, repetidamente, ouvimos teses sobre a imprescindibilidade de alguns jogadores, como se a existência dos clubes dependesse desses mesmos jogadores.

Sendo certo que muitos conseguem ter enorme influência e preponderância nos bons resultados e exibições das equipas que representam, não é menos verdade que os clubes já existiam e continuarão a existir mesmo com a partida dos melhores activos.

Sendo certo que muitos conseguem, por si sós, elevar o patamar exibicional das equipas, e gerar melhores desempenhos daqueles que actuam ao seu lado, não é menos verdade que isso só acontece quando os seus predicados são correctamente aproveitados pelos treinadores.

Porque este blogue também é de memórias, e recorrendo às minhas, recordo de ouvir falar da enorme perda que o Porto sofreria com a venda de Paulo Futre, que o Benfica sentiria sem a presença de Carlos Mozer, ou que o Sporting dificilmente recomporia com a saída de Manuel Fernandes. A verdade é que, não sendo exactamente iguais, o Porto revelou Rui Barros, o Benfica encontrou Aldair, o Sporting lançou Jorge Cadete, e vida que segue.

Não posso negar que existem jogadores que, pela qualidade, fazem as suas equipas serem melhores, mas também não posso negar uma evidência bem actual, o futebol português, com grande contributo dos treinadores nacionais, tem sabido regenerar-se e, atente-se às janelas de transferências, tem conseguido “entregar”, aos maiores clubes da Europa, grandes jogadores, ano após ano.

Muitos jogadores são preponderantes nas equipas, mas jamais imprescindíveis. Muitos jogadores são determinantes, mas não essenciais. O importante é saber-se regenerar e criar, mesmo com qualidade inferior, novos talentos que poderão gerar novas teses em futuras janelas de mercado.

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