Quem acompanha de perto as competições sul-americanas lembra-se, certamente, que nos últimos dois anos, aquando dos sorteios das fases de grupo da Libertadores, toda a imprensa brasileira ter dito que o Palmeiras tinha ficado com a tarefa facilitada pela fragilidade dos adversários e com isso explicavam as goleadas impostas pela equipa de Abel Ferreira.
Mesmo concordando, em parte, com esse género de argumentos, sempre ficou claro que os mesmos eram utilizados para desvalorizar o trabalho do técnico português, como se essas vitórias surgissem apenas pela naturalidade das coisas e não por trabalho feito no sentido de alcançar esses resultados.
Pois bem. Parece que essa avaliação sobre facilitismo só se aplica à equipa do treinador português e, para situações semelhantes, os critérios de avaliação diferem.
Na edição deste ano do Paulistão (Campeonato Estadual Paulista) nenhum dos outros grandes conseguiu passar às semifinais. Sendo que o Santos nem se qualificou para a fase eliminatória.
As eliminações, por si só, não teriam lugar neste texto, no entanto, tanto S. Paulo, como Corinthians, foram eliminados por equipas que, com o devido respeito, competitivamente estão muitos degraus abaixo na pirâmide futebolística canarinha. Inclusive, o adversário dos corinthianos, Ituano, esteve em vias de ser despromovido e, por questões regulamentares, acabou por classificar-se para as eliminatórias, em detrimento de equipas com mais pontuação, para protagonizar a surpresa, ainda por cima em casa do adversário.
Na verdade, pouco ou nada me interessam os modelos competitivos dos Estaduais brasileiros. Gosto de ver os jogos e assistir aos programas de “análise”, que muito ajudam na elaboração dos meus textos. Existe sempre matéria sobre a qual escrever. Mais ainda havendo portugueses em destaque constante.
Aquilo que me importa, para este texto, é o facto de os analistas, em quase todas as avaliações a estes resultados, terem preferido discutir a forma como as penalidades foram executadas, em vez de abordarem a incompetência demonstrada por essas equipas grandes ao não conseguirem fazer aquilo que é exigido, permanentemente, à equipa palmeirense: ganhar os jogos contra adversários frágeis.
E neste ponto também conseguimos encontrar avaliações repletas de incoerência.
Porventura, Universitário (Peru), Defensa y Justicia (Argentina), Independiente del Valle (Equador), Emelec (Equador), Deportivo Táchira (Venezuela), ou IndependientePetrolero (Bolívia), são mais fracos do que Ituano, Água Santa ou S. Bernardo? Mesmo existindo diferenças grandes no nível dos diferentes futebóis na América do Sul, não creio. E por isso, no mínimo, a Imprensa deveria ter o mesmo grau de exigência, e basear as suas avaliações performáticas nos mesmos critérios.
Para terminar este texto, mas não o assunto, fico à espera daquilo que vai ser dito pela imprensa brasileira, caso o Palmeiras não conquiste este Estadual. Será que vão avaliar a técnica do remate falhado ou crucificar Abel Ferreira por não conseguir ganhar o jogo perante uma equipa “menor”?
Se ganhar, já sabemos que vão dizer que aconteceu o que era exigido,,, porque só apanhou clubes "frágeis".
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