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A lógica destorcida do futebol - Emanuel Lomelino

Imagem knoow

O êxito ou insucesso de um treinador depende de uma grande quantidade de factores, alguns que nem ele pode controlar, e raramente está ligado às suas capacidades técnicas e estratégicas.

Mas todos sabemos que a corda sempre rebenta pelo lado mais fraco e, no futebol, por diversas razões, o lado mais frágil é o do treinador. Por mais que as evidências indiquem o contrário.

Se, antes de despedir um treinador, os responsáveis dos clubes analisassem seriamente os motivos dos resultados que originaram essa decisão, veriam que, na grande maioria dos casos, as derrotas (ou falta de vitórias) podem ser atribuídas aos inúmeros lances desperdiçados. Isso demonstra que as equipas conseguem criar ocasiões e apenas não aproveitam.

Ora, se uma equipa é consistente a defender e consegue fazer circular a bola até à hora da finalização, todo o qualquer lance falhado pode ser determinante num mau resultado.

Quantas vezes não vemos equipas dominarem as suas partidas, mas sem conseguir vencê-las porque, em momentos cruciais, perderam duas ou três chances flagrantes de marcarem golo.

O acúmulo deste género de desperdício nas partidas gera maus resultados que, por sua vez, criam a contestação dos adeptos e a culpa, para não morrer solteira, é outorgada ao técnico porque o seu trabalho, para o bem e para o mal, é avaliado apenas pelos resultados.

É por agir desta forma, mais fácil e prática, que existem muitos clubes, no mundo, a viver em função das conquistas do passado e sem perspectivas de regressar às glórias.

Limitam-se a trocar de treinadores na esperança de que um deles seja bafejado pela sorte e as coisas mudem, enquanto mantêm os mesmos jogadores perdulários, que vão continuar a colocar na conta dos técnicos mais do seu desperdício.

Curioso como os idolatrados são os jogadores que falham o golo de baliza aberta, os culpados são os treinadores e os perdedores são os clubes. E para os adeptos, que dizem amar os clubes, a vida segue, como se tudo isto fosse lógico, porque é normal ser assim.

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