Há um par de meses escrevi sobre aquilo que me parecia um plano bem elaborado para alterar o paradigma do futebol moderno.
Tal como escrevi na altura, a Arábia Saudita está a investir pesado na contratação de craques da bola e Cristiano Ronaldo foi apenas a ponta de um gigantesco iceberg.
Escapou Messi, mas, entretanto, Sané e Neymar encabeçam uma longa lista de nomes que deixarão o seu perfume no oriente. E essa lista tem estado a crescer diariamente.
É certo que, por agora, o investimento tem sido feito em jogadores que estão perto de finalizar as carreiras, no entanto, quanto mais nomes relevantes forem para aquelas paragens mais fácil será atrair, no futuro, estrelas emergentes.
Creio que o primeiro objectivo dos sauditas está alcançado e a Liga local será mais competitiva e atrairá mais atenção global pelos nomes que a compõem.
O segundo objectivo – domínio dos clubes árabes nas competições regionais e continentais - também vai bem encaminhado, como demonstra a recente conquista da Champions Árabe pelo Al-Nassr, de CR7.
Acho que a imprensa ocidental tem recebido este fenómeno de ânimo leve e ainda não parou para refletir seriamente em todas as consequências. Uns, os europeus, porque a razia tem sido feita com os “trintões”, outros, nas américas, porque culturalmente têm enraizada a ideia de que só eles e os grandes clubes europeus têm qualidade futebolística e tudo o resto é lixo. Mas as coisas não são assim.
O reflexo desta nova realidade recairá primeiro sobre o futebol das américas, que já tem problemas em ser competitivo contra os clubes europeus e agora será inevitavelmente superado pela nova força árabe, como veremos em futuras edições do Mundial de clubes.
Já na Europa, esta situação pode fazer renascer a ideia de criação da Superliga, ou um modelo competitivo, mas sobretudo financeiro, semelhante, que permita aos clubes das ligas mais fortes manterem os jogadores de topo e estancar a sangria que se prevê (ou devia prever), mais não seja porque existem outros países na região com capacidade financeira para fazerem o mesmo que os sauditas.
A procissão ainda vai no adro e não estarei errado ao considerar que este tema voltará a ser alvo de textos futuros.
Leiam o primeiro texto que escrevi sobre esta temática neste link
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