Na semana passada vi um excerto de um podcast brasileiro em que, pela primeira vez, ouvi um jornalista brasileiro falar das verdadeiras razões, pelas quais, os treinadores canarinhos não são requisitados para trabalhar na Europa.
Tal como venho escrevendo em textos anteriores, Fábio Piperno também acredita que essa escassa demanda dos clubes europeus por técnicos brasileiros deve-se, acima de tudo, pela ideia errada (da maioria dos brasileiros) que ter sucesso na América do Sul lhes legitima a entrar na Europa pela porta grande. Os desempenhos de Luxemburgo (Real Madrid) e Scolari (Chelsea) são a prova do quão errado é esse pensamento.
Por mais exigente e difícil que seja o campeonato brasileiro, ou treinar a selecção do Brasil, existem procedimentos, condutas, comportamentos e atitudes que, sendo norma em terras de Vera Cruz, são incompatíveis com a realidade europeia.
E escusam de argumentar com a falta de equivalência dos cursos FIFA e CBF porque há treinadores brasileiros a trabalhar na Europa e noutros continentes. A diferença está na inexistência de planejamento de carreira e na recusa em aceitar treinar clubes de segundo e terceiro escalão, na esperança de que o trabalho tenha mais visibilidade do que estando em grandes clubes brasileiros.
Ao contrário do que tem sido ventilado pela imprensa canarinha, o trabalho que Abel Ferreira tem feito, no Palmeiras, não o habilita a receber mais propostas de grandes clubes europeus do que se estivesse ainda no Braga ou no PAOK. A verdade é que, estando nesses clubes, e mesmo sem títulos conquistados, seria mais fácil ser visto e considerado como hipótese, do que estando no Brasil.
Por muito que doa ao espírito dos brasileiros, a verdade é só uma: das provas sul-americanas os europeus só querem saber dos jogadores.
Os técnicos que sonham comandar as grandes equipas da Europa têm de prestar provas em clubes europeus de menor dimensão, fazer bons trabalhos de forma continuada e, mesmo assim, devem ter presente que isso não será garantia de nada.
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