Quando começou-se a discutir a possibilidade de utilizar a tecnologia no futebol, um dos melhores e mais sustentados argumentos era baseado no jogo da final do Mundial de Inglaterra, em 1966, em que o remate de Geoff Hurst deu a vitória da equipa da casa, sobre a Alemanha, e que ainda hoje não se tem a certeza da bola ter entrado.
Outro lance decisivo usado pelos apoiantes da integração tecnológica, aconteceu no França x República da Irlanda de qualificação para o Mundial de 2010, com o golo precedido de dois toques intencionais, com a mão, de Thierry Henry, que apurou os gauleses.
Ao longo da história aconteceram muitos outros casos de irregularidades que passaram despercebidas, algumas que até entraram para o panteão de idolatria, como o golo de Diego Armando Maradona contra a Inglaterra, a famosa “mão de Deus”.
Todos esses lances ficaram marcados e fazem parte do folclore futebolístico, mas a ideia de ter um jogo mais limpo ganhou adeptos e avançou…
Quer
dizer… avançou, mas não completamente, pois no mais recente jogo de Portugal em
Belgrado, para defrontar a Sérvia, na qualificação para o Mundial de 2022, a
realizar no Qatar, a não utilização de ajuda audiovisual, permitiu que acontecesse
um episódio que todos já pensávamos ser impossível de assistir numa partida de
futebol: anulação de um golo legítimo.
Aconteceu com Portugal como poderia ter acontecido com a Sérvia, ou outro país qualquer. Aconteceu com uma boa e jovem equipa de arbitragem holandesa, como poderia acontecer com outra qualquer. Mas aconteceu porque, vai-se lá saber a razão, a UEFA decidiu-se pela não utilização de uma ferramenta que, na generalidade, tem feito um bom serviço ao futebol.
Para que serve utilizar a tecnologia na maioria das competições se, naquelas que têm maior impacto, como as de selecções, a verdade desportiva continua a não ser defendida.
Remeto os leitores deste texto para os três exemplos que referi nos primeiros parágrafos. Todos aconteceram em jogos de selecções, e todos relacionados com mundiais. Este último também. Coincidência? Talvez. Mas se for para continuar com as suspeições, para quê o VAR?
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