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Uma medida aplicada em surdina - Emanuel Lomelino

Há quase um ano escrevi este texto sobre a possibilidade de equipas de arbitragem estrangeiras serem nomeadas para jogos do nosso campeonato.

Posso até estar enganado, mas contam-se pelos dedos de meia mão as vezes que essa situação aconteceu: e sempre em jogos com mediatismo reduzido, quase de surdina para não incomodar muito.

Pelo que percebi, essa iniciativa foi resultado de intercâmbio com a Liga francesa e, embora a experiência não tenha sido negativa, não conseguiu ter o impacto suficiente para ser executada de forma continuada.

Ora, tal como escrevi nessa ocasião, todos sairiam a ganhar com a implementação mais alargada dessa medida. Principalmente o próprio futebol.

E posso facilmente argumentar sobre o quão benéfico seria usando como exemplos os dois últimos jogos do FC Porto.

O primeiro, para o Campeonato, contra o Sporting, foi um jogo de quezílias e simulações, que destabilizaram a actuação arbitral, inclusive com dirigentes de ambos os clubes a pressionarem, de forma excessiva e intimidatória, nas linhas laterais. O segundo, para a Europa League, contra a Lazio, com quezílias e menos simulações e, principalmente, ausência de comportamentos agressivos para com a equipa de arbitragem.

Sim, sou favorável à utilização de árbitros estrangeiros nos jogos do nosso campeonato. Estou seguro de que o tempo de jogo não seria tão escasso; as simulações teriam tendência a diminuir substancialmente; e com isso as partidas seriam mais fluídas e talvez fosse possível elevar o nível competitivo das nossas equipas. Mas a aplicabilidade dessa medida não pode ser feita apenas em jogos de meio/fundo da tabela. Tem de ser também, e acima de tudo, em jogos de grande cartaz.

Não sei se esta iniciativa vai continuar a ser colocada em prática, no entanto, tenho a certeza que todo o universo futebolístico nacional (jogadores, técnicos, árbitros, Liga, Federação, adeptos, imprensa) sairiam a ganhar.

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