A língua é a mesma, mas algumas palavras e sotaques podem torná-las quase inaudíveis para quem não está habituado. Mas em pouco tempo de convivência, os ouvidos acostumam a quase não se percebe a diferença.
O mesmo não posso falar sobre o trabalho de um técnico brasileiro e um técnico português (claro que há exceções, aqui vou generalizar).
O que tenho acompanhado em diversas situações, além de assistir aos jogos, entrevistas e programas esportivos, fica bem claro o empenho, estudo e dedicação dos portugueses nas análises táticas, preparação técnica e principalmente posição corporal de cada jogador. Inúmeras vezes ouvi comentários sobre a importância do posicionamento do corpo ao receber a bola, fator determinante para uma melhor atuação, habilidade e menos desgaste físico.
O Flamengo de Jorge Jesus é um bom exemplo. Quantos jogos assistimos em que o jogador ficava com a bola nos pés no máximo duas vezes e que os passes eram rápidos, precisos e ágeis com pouco deslocamento. Quem corria era a bola.
E agora, no Flamengo do Rogério Ceni, quantas vezes vemos isso acontecer? Os jogadores correndo durante todo o jogo, segurando a bola por muito mais tempo e, ainda por cima, dando inúmeros passes errados.
Tá mal Arão? Tá mal sim, e não só ele. Gabigol também perdeu o rumo e o prumo. Tantas possibilidades perdidas para enfiar a redondinha entre as traves. E nem vou comentar os outros oito nomes em campo... e também todos os outros times brasileiros que acompanho, treinados por brasileiros.
Mas para desabafar, preciso fazer esse comentário que me persegue a cada jogo: Acho que os jogadores do Flamengo, que foram treinados por Jorge Jesus, após a volta dele a Portugal, bateram com a cabeça e esqueceram tudo o que o Mister exaustivamente gritava na beira do campo ou durante todo o tempo que os treinou. Sinceramente, por mais que mude de técnico, e tática de jogo, o que se aprende de bom deveria permanecer e não há como esquecer um caminho depois de ter passado por ele.
Os portugueses dedicam-se quase que obstinadamente ao que fazem, buscam mesmo a perfeição, mas com uma diferença: preocupam-se em ensinar, explicar, corrigir e mostrar de uma forma prática e objetiva o porquê de determinadas situações. Muitos jogadores já confessaram que aprenderam muito mais quando passaram pelas mãos de um técnico português. Não só Jorge Jesus, para não dizer que sou apaixonada por aquele que me fez voltar a explodir de emoção nos jogos do Mengão, mas falo também do Abel Ferreira, Mourinho, Sérgio Conceição, Carlos Carvalhal, Paulo Fonseca, entre outros.
Quanto aos treinadores brasileiros, acho que é cultural e conceitual a forma de gerirem suas habilidades, por mais conhecimento que tenham, há uma falta de comunicação que vai criando uma linha bem tênue entre o que sabem e o que conseguem expressar. Deve haver algum telefone sem fio que chega totalmente ininteligível aos ouvidos de todo o time.
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